segunda-feira, 20 de maio de 2013

O que é o homem nesse emaranhado de construções oferecidas pela engenharia da Vida?
Cerca de trilhões de células vivas, impulsos elétricos, impulsos nervosos, uma matéria transitória escrita nas folhas da história evolutiva...
Pois o homem, como todos os demais seres vivos, morrem... Deixam de existir na forma material a partir do momento em que tais impulsos se perdem frente às células mortas em tecidos que não mais são capazes de se reconstituir. 
O homem em sua breve passagem pela Terra, como forma material, não passa de um breve suspiro de tempo... Nasce inocente, frágil e nulo, é um pulmão vazio... A medida em que cresce, vai acumulando aquilo que aspira... Essa aspiração se traduz a partir daquilo que recebe como informação, as querências aprendidas constroem todos os passivos que lhe acompanharão durante a vida... As certeza, as dúvidas, as vontades, aquilo que lhe é essencial e aquilo que lhe é dispensável, inflando a estrutura pulmonar. Assim o homem escolhe aquilo que lhe deve ser valioso, através do lhe é ditado... É extremamente forte, flexível, altamente induzível e manipulável... Durante um período da vida, o homem é aquele que desponta em seu meio... Não conhecendo a estrutura do corpo respiratório temporal, carrega as suas querencias como se estas fossem a própria vida... Como se a quantidade obtida se traduzisse na quantidade de vida...
O homem tem esse defeito, mede tudo através da quantidade... A qualidade se traduz em mais... O homem tem medo da morte... Até certo ponto do inflar, se permite acreditar que o "mais", individualmente, lhe proporcionará a eternidade... Até que chega aquele ponto em que existe uma pequena parada no processo... O "mais" sessa, e como o homem tem medo da morte, começa a comparar as plantas com a edificação... São breves os momento em que esse "mais" se concretiza, mas as trocas já foram feitas... é hora de devolver ao meio e esvaziar o pulmão... De todas as suas conquistas, as querências são as que mais resistem... O culto ao material se completa, mas acarreta em medos, insegurança, insuficiência... Males da degeneração da matéria corporal... Em alguns casos, a idade da essência acompanha a idade da matéria... pois também essa vai se findando através dos males causados pelas querências.
Aí eu me pergunto... O homem tem medo da morte, mas quer a eternidade? 
Convenhamos, o homem tem medo da velhice, da insuficiência e da incapacidade... Assim aspira a eterna juventude, mas em um ciclo como  o de todos os seres vivos, ou natural, o homem teme a eternidade, pois assim como na vida contemporânea, seus males cotidianos não cessarão... seus males são suas escolhas, suas escolhas as suas fraquezas, e os facos não devem ser escolhidos.... Aceitar a eternidade seria aceitar a continuação dos seus tormentos...
Acho que todo homem sabe o mal que proporciona, mas crê na morte como forma de rendição... Aquele breve momento onde os males migram da consciência. O homem tem o grande poder de criar mecanismos que lhe aliviem as dores, suas crenças são remédios para mitigação dos seus erros... Toma o mundo na consciência da juventude, isola o mundo na consciência da justiça, teme o mundo na consciência da partida...
O homem tem medo da eternidade, pois sabe que na expiração tudo se finda em um pulmão vazio... Então, um novo ciclo se fará em uma nova inspiração, talvez mais curta, talvez mais longa... Com novos ares, com novas trocas...  


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